
Viajar e passar mais tempo com a família estão no topo da lista de quem quer se aposentar. Quando a hora chega nem sempre a realidade é tão boa quanto a expectativa. Muitos falam da questão financeira, mas a questão psicológica que também deve ser incluída nesse planejamento.
Ao longo da nossa vida, o trabalho é a principal atividade. Faz parte da nossa identidade. Defini quem somos. A aposentadoria pode representar uma ruptura enorme. Ao invés de ser vivenciada como um repouso merecido, pode ser uma situação ameaçadora do equilíbrio psicológico.
Na visão da consultora de carreira e orientadora profissional da Humana Mundi, Caroline Pereira, são inúmeras as preocupações que acometem a pessoa em pré-aposentadoria, desde a questão financeira, a nova rotina, os projetos de futuro, os laços familiares, a relativa perda de identidade, até o medo da chegada da velhice com a perda gradual da autonomia e vitalidade.
Frente a tantos receios, ela acredita que é realmente muito importante a atenção por parte das empresas, que haja programas de preparação para aposentadoria e que estes, preferencialmente, tragam algumas reflexões desde o início da carreira.
“Caso isso seja feito apenas no nível racional, pouco será aproveitado, pois o momento demanda atenção às emoções, aos sentimentos, dando espaço ao surgimento da intuição e do real vislumbrar de novas possibilidades”, explica Pereira.
Ao citar um exemplo, a especialista avalia que, é necessário ir fazendo reflexões racionais a respeito de sua saída da empresa e encontrar espaço para colocar seus sentimentos e emoções de forma aberta e espontânea.
Neste processo, é imprescindível para o seu processo de desvinculação, a escuta e condução de um profissional neutro que pudesse acolher suas angústias e ansiedades para que assim reconhecer e identificar verdadeiramente as suas questões para, então, se distanciar e poder caminhar nas outras etapas.
“O fato de a pessoa saber racionalmente que está prestes a se aposentador e deixar a empresa da qual faz parte há muitos anos, não significa que ela sequer reconheceu o que está acontecendo internamente. E reconhecer é ter coragem para olhar para aquilo que dói, esse é o primeiro passo. Fazendo um paralelo com a curva proposta por Kubler Ross é necessário viver o luto respeitando suas etapas e há formas de agilizar que esse processo aconteça e se complete”, alerta Pereira.
Segundo ela, pela abordagem integrativa transpessoal, por exemplo, é possível acessar conteúdos internos profundos, além de outros estados de consciência, resgatando a conexão da cliente com sua verdadeira essência em poucas sessões. “Os conteúdos sombrios podem vir à consciência e a partir deles os aspectos de luz também resgatados e ambos integrados, a identidade fortemente cindida por identificações presentes e não conscientes pôde se restabelecer trazendo força e crença nos passos a seguir”, finaliza.